Mulheres e os Media

Um século de luta
contra o machismo

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As linhas que cosem o feminismo

Mais do que uma moda, o NewsMuseum recorda o nascimento do biquíni como um marco histórico na luta contra a opressão do corpo feminino.

biquini1Louis Réard revolucionou a moda feminina quando apresentou, em julho de 1946, no corpo da bailarina Micheline Bernardine, o “the smallest bathing suit in the world” [«o mais pequeno fato de banho do mundo»], um episódio noticiado pelo New York Times como “Atomic Bomb” [«Bomba Atómica»]. A partir desta altura faltava atribuir um nome ao novo modelo, que rompia com todas as regras da época. Uma tarefa que ficou a cargo dos media que recordaram um ensaio nuclear que tinha acontecido meses antes no atol de Bikini e atribuíram o mesmo nome à criação de Réard.

Assim nasceu o Biquíni, causador de vários escândalos por provocar a quase nudez feminina, refletindo-se nas primeiras vendas como algo sem aparente sucesso. O Vaticano pronunciou-se e considerou esta invenção um pecado. Como consequência foi proibida a venda em Espanha e Itália e, na maioria dos estados, dos Estados Unidos da América.

biquini2Em Portugal o biquíni também não era encarado com bons olhos. As regras instituídas pelo Estado Novo contemplavam cartazes afixados à entrada das praias com a regulamentação, mas o controlo não ficava por aí. Eram vários os polícias marítimos que circulavam pelo areal com o intuito de assegurar a decência da mulher e multar as que arriscavam não cumprir.

As duas peças começaram a ganhar popularidade quando atrizes como Brigitte Bardot e Marilyn Monroe, começaram a exibir os seus biquínis e a posar de umbigo descoberto para os media.

No entanto, foi com Ursula Andress que se deu a grande explosão desta tendência no filme Dr. No da saga 007. A atriz saiu da água com um biquíni branco. O grande boom do biquíni veio comprovar que o seu criador tinha razão, pois ao fim de 70 anos da sua criação, os 194 centímetros de tecido foram uma bomba atómica por todo o mundo, nos jornais, nas praias e nos costumes.

burkiniDo outro lado do mundo, na cultura muçulmana é feita uma luta oposta com a ostentação e criação do Burquíni, encarado como um símbolo de emancipação da mulher. Contudo o burquíni é encarado, na cultura ocidental, como um símbolo da continuação da submissão da mulher. A criadora Aheda Zanetti afirmou que “Burkini is a symbol of inclusion” [«O burquíni é um símbolo de inclusão»]. Uma cultura que invoca a figura feminina como um símbolo de pecado e que por isso, além da ocultação do corpo, as mulheres são anuladas da vida ativa da sociedade, desde a participação política, profissional até ao acesso à educação. O burquíni, pompeado como uma conquista para as mulheres muçulmanas, é a continuação da sujeição das mulheres a regras discriminatórias.

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