Um grupo de Mulheres que fuma cigarros como um gesto de liberdade fez notícia no New York Times, a 1 de abril de 1929.
Bertha Hunt, no domingo de Páscoa, passeava em Nova Iorque quando decidiu acender um Lucky Strike. Numa época em que as mulheres eram proibidas de fumar em público, o seu gesto foi capturado e rapidamente influenciou outras jovens que lhe seguem o exemplo e acenderam sem receio as suas “torches of freedom” [«Tochas da liberdade»].
“I hope that we have started something and that these torches for freedom […] will smash the discriminatory taboo on cigarettes” [«Espero que tenhamos começado algo e que estas tochas pela liberdade […] destruam o tabu discriminatório dos cigarros para mulheres»], afirmou Bertha Hunt ao New York Evening World.
O espontâneo protesto a favor da igualdade de género era na verdade uma operação preparada pelo pai das Relações Públicas, Edward Bernays.
Bernays associou o tabaco ao movimento feminista para promover o aumento da venda de cigarros junto do público feminino – O ato de fumar era uma forma de libertação e de associação à emancipação das mulheres. Um hábito que era dissecado nos Media.
O fenómeno foi tal que, dez anos depois, a LIFE publicou um artigo que ensinava o público feminino a fumar. Um tabu de várias décadas parecia começar a dissipar-se, mas só terminou no final dos anos 20, depois da consagração do direito de voto, na 19ª Emenda. Nesta fase, fumar era visto como o menor de dois males.
"If it were a question between their smoking and their voting, and they would promise to stay at home and smoke, I would say let them smoke.” [«Se a questão fosse entre elas fumarem e votarem, e elas prometessem ficar em casa e fumar, eu diria: deixem-nas fumar»]. Joseph Bailey, Senador do Texas, 1918
Depois do desaparecimento do tabu associado ao tabaco, a publicidade voltou-se para o desejo feminino de manter a forma física, que era fundado na necessidade de agradar aos homens. Um «longo caminho», que levaria várias décadas a ser percorrido.