Em Portugal foi Carolina Beatriz Ângelo que deu voz à luta pela igualdade de géneros. A 25 de março de 1911, as páginas do jornal A Capital registaram, antes das eleições legislativas, a posição das mulheres portuguesas que não se conformavam a negação do direito ao voto. Dois meses mais tarde, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher a votar em Portugal. Durante 20 anos foi a única.
A manhã seguinte às eleições legislativas ficou marcada pela publicação, na revista Ilustração Portugueza, da fotografia da «primeira eleitora portugueza». Chamava-se Ana Castro Osório e era a Presidente da Liga das Sufragistas Portuguesas.
O mediatismo do tema chegou ao Governo, mas o Código Eleitoral de 1913 especificava que os eleitores incluíam apenas os cidadãos portugueses do sexo masculino. Só em 1931 é que o voto feminino foi introduzido, mas com restrições. Apenas mulheres com cursos secundários ou superiores é que podiam votar. Aos homens bastava saberem ler e escrever. O voto universal só foi consagrado após a revolução de 25 abril de1974.
A 5 de junho de 1920 o The New York Times fez capa com a notícia que as norte-americanas esperavam há décadas: “After a long and persistent fight advocates of woman suffrage won a victory in the Senate today”. [«Depois de uma longa e persistente luta, defensoras do sufrágio feminino conquistaram uma vitória, hoje, no Senado»].
Para trás ficaram anos de luta que começaram em março de 1913, numa marcha de 5000 mulheres realizada em Washington D.C.
Um evento que captou a atenção mediática, mas não obteve uma reação unânime por parte da multidão que ansiava por ver o Presidente Woodrow Wilson. Mais de 100 mulheres foram hospitalizadas um facto noticiado a 8 de março e descrito pelo Woman’s Journal and Suffrage News como “Parade struggles to victory despite disgraceful scenes” [«Parada luta até à vitória, apesar das cenas lamentáveis»]. Para além dos jornais, os cartoons satíricos e cartazes de propaganda eram também usados para desafiar os cânones.
Nos media começou a emergir um novo conceito “suffragettes” – um termo que faria História no movimento feminista. Manifestações públicas, incêndios, guerras de fome, tudo era válido para chamar a atenção da comunidade política e dos meios de comunicação, que tinham vindo a perder o interesse pela luta feminina. Em Inglaterra, as mulheres tiveram de esperar até ao final da Primeira Guerra Mundial (1918) para terem direito ao voto ainda que com restrições.
O século XX foi uma etapa charneira entre a segregação e a universalização do voto. Contudo há exceções: A Arábia Saudita só permitiu que as mulheres passassem a votar em 2015.